Como o racismo afeta a saúde da mulher no climatério e menopausa

O racismo é um fenômeno complexo com diferentes manifestações ao longo do tempo e em diversos contextos. Ele atribui significados sociais a características fenotípicas e genéticas específicas e impõe características negativas a grupos que não se encaixam nos padrões dominantes, justificando o tratamento desigual.

O climatério é uma experiência que varia de mulher para mulher e não é uniforme para todas. Há pouca discussão sobre como fatores específicos afetam as mulheres negras e pardas. Assim como a menstruação, que é cercada por tabus, o climatério está começando a ganhar mais visibilidade, mas geralmente sob a perspectiva de mulheres brancas.

As mulheres negras e pardas muitas vezes são negligenciadas, com pouca literatura e poucos profissionais capacitados para abordar as diferenças entre etnias e gêneros no climatério. Isso cria a impressão errônea de que a experiência da menopausa e do climatério é universal e se aplica igualmente a todas as mulheres.

É inaceitável que, em um país como o Brasil, temas de extrema importância como este não sejam amplamente discutidos, especialmente considerando a diversidade de raças e etnias e suas experiências distintas. As mulheres negras e pardas enfrentam o climatério de maneira diferente das mulheres brancas, mas esses aspectos ainda são pouco explorados na ciência. Estudos sobre saúde feminina são escassos quando se trata de etnias, e muitas vezes se usa um padrão desenvolvido para a população caucasiana para todas as mulheres, ignorando as diferenças.

A menopausa, definida como a ausência de menstruação por 12 meses, ocorre em média entre os 48 e 52 anos. Pode ser considerada precoce se ocorrer antes dos 45 anos e tardia após os 55 anos. Com o aumento da expectativa de vida, as mulheres passam mais anos na pós-menopausa, enfrentando os efeitos da queda hormonal sobre seus sistemas corporais.

Esses efeitos incluem alterações na força e massa muscular, que podem afetar a função física e aumentar o risco de incapacidades e mortalidade. A capacidade de realizar Atividades de Vida Diária (AVD) é um importante indicador de envelhecimento saudável, sendo diretamente afetada pela deficiência de estrogênios na menopausa, o que pode limitar a realização dessas atividades.

Estudos anteriores mostram uma relação entre a idade da menopausa e a função física, mas os resultados divergentes dificultam uma compreensão clara dessa associação. Mulheres que entram na menopausa mais cedo tendem a apresentar piores resultados funcionais devido ao maior tempo exposto ao hipoestrogenismo.

A idade da menopausa, influenciada pela renda, escolaridade e raça/cor, está associada a piores resultados funcionais. A renda domiciliar per capita no Brasil é categorizada de acordo com o salário-mínimo de 2019, dividida em menos de um salário, entre um e dois salários, e mais de dois salários, refletindo a situação das famílias de baixa renda. A escolaridade é analisada entre quem nunca frequentou a escola, quem frequentou até o ensino fundamental, até o ensino médio e até o ensino superior. A raça/cor distingue negras e pardas das demais.

  • Mulheres brancas: a idade média de início da menopausa costuma ser entre 50 e 52 anos.
  • Mulheres negras e pardas: a idade média de início da menopausa geralmente fica entre 48 e 50 anos.

Essas diferenças podem estar associadas a fatores socioeconômicos, acesso à saúde, condições de vida, estresse, e outros determinantes de saúde que afetam esses grupos de maneira desigual.